Estamos a vivenciar uma catástrofe nacional com os fogos que
assolam o nosso país e que tanto sofrimento traz ao nosso povo. É desastroso e
horrível aquilo que se sente na atmosfera enferma, doente e mortificante.
Como profissional de saúde, que já lida com o sofrimento
psicológico no trabalho, opto por não ver notícias devido ao impacto visual,
que, de facto, nos dias de hoje, é transtornante. Escolho lê-las na internet.
Informo-me, sem me destruir, assim penso.
Vai que, chegando a casa, lendo o alinhamento noticioso, a informação
que se seguia à da morte de um homem de 60 anos (na sequência do fogo de
Valongo) era…”Como fortalecer os glúteos”! Primeiro, vá lá, uma notícia terá
que ter um caráter de novidade. Fortalecer os glúteos??? Notícia? Notícia??! Na
sequência do trágico anúncio da morte de um homem?! Em segundo lugar, existe
alguma lógica neste enfileiramento noticioso?
Com todo o respeito que tenho, existem alturas em que o
Jornalismo deve ter um cuidado acrescido! Esta é uma delas! Não é possível que
exista falta de bom senso por parte da Imprensa, seja ela qual for, quando nos
vemos a braços com uma hecatombe nacional, uma calamidade que está a destruir
pessoas e os seus bens…Estamos em crise! É preciso ter um especial cuidado com
o fator psicológico e emocional das pessoas. Não é altura para frivolidades,
futilidades!