Quando nos telefonam para agendar uma consulta para uma criança ou adolescente, a primeira sessão é sempre com os pais (ou apenas um deles). Desta forma, munimo-nos de conhecimento. O que se passa? e Quando começou? são algumas das perguntas que nos permitem começar a construir um puzzle informativo, ao qual chamamos anamnese.
No fim dessa sessão, e quando as crianças têm menos de 10 anos, é comum sermos questionados pelos pais acerca de como devem comunicar aos filhos que vão ao psicólogo. É normal! Primeiro porque as crianças podem efetivamente desconhecer o que faz um psicólogo. E depois porque os pais têm receio de magoar o/a filho/a com a informação.
Na minha perspectiva, as crianças devem sempre saber a verdade. Desde sempre e para sempre. As crianças merecem-no e têm direito a saber a verdade. Creio apenas que essa verdade deve ser adaptada à idade e há um bom exercício que nos ajuda nesse procedimento: lembrarmo-nos de nós, com a mesma idade, e sentirmos como gostávamos que a verdade nos fosse exposta.
Na maternidade e na paternidade, o exercício de se posicionarem na idade dos filhos é um bom conselheiro para estas realidades da vida. Às vezes é preciso comunicar coisas bem piores. E é de grande ajuda pensar antes de agir. Pensar pela cabeça dos miúdos (ninguém os conhece tão bem como os pais), centrando o próprio pensamento na vossa postura quando tinham a idade deles. Acho que é por aqui...
De resto, não existem fórmulas mágicas. Como em tudo na vida, a comunicação entre pais e filhos vai da sensibilidade de cada um. E aqui, neste terreno tão íntimo, só há lugar para eles.
crédito foto: Crescendo e Acontecendo