Tenho
andado severamente preocupada com a variedade
e a quantidade de perturbações psicológicas e emocionais que se
manifestam nos
miúdos com os quais trabalho e outros com os quais convivo na esfera
pessoal.
Além dos que observo, contabilizo também aqueles transtornos que eles me
relatam,
nomeadamente os que se passam com os seus irmãos, primos e colegas.
Provavelmente, o motivo da minha inquietação relaciona-se com o facto de
eu presumir que tal amostra possa ser representativa da população em
geral. Queira a divindade que não!
Numa apresentação em lista curta nomeio, por exemplo, casos se agressividade física e verbal, depressão, ansiedade generalizada, ataques de pânico, fobias específicas e lacunas profundas na construção da autoestima, que tão importante é para a nossa proteção psicológica. Falo também de miúdos que se autoflagelam através de cortes que infligem a si próprios, como mecanismo de coping para as envolvências da vida, revelando uma profunda desestruturação da sua capacidade de reagir ao meio e aos seus stressores. Falo ainda de miúdos que apresentam distúrbios alimentares. Falo de muitos e de outros me esqueço. Crianças que não fazem um teste na escola sem tomar um ansiolítico. Miúdos que vomitam antes da chamada para um exame nacional. Que não conseguem superar a perda e a dor de um divórcio mal-amanhado e desencadeiam processos sérios de inibição alimentar. Crianças pequenas com um enorme descontrolo nas suas interações sociais, que agridem verbal e fisicamente não só os seus pares mas também os pais e adultos com quem interagem. São situações complicadas até porque as que aqui relato se atribuem a crianças com menos de 14 anos. Perder-me-ia na exposição.
Numa apresentação em lista curta nomeio, por exemplo, casos se agressividade física e verbal, depressão, ansiedade generalizada, ataques de pânico, fobias específicas e lacunas profundas na construção da autoestima, que tão importante é para a nossa proteção psicológica. Falo também de miúdos que se autoflagelam através de cortes que infligem a si próprios, como mecanismo de coping para as envolvências da vida, revelando uma profunda desestruturação da sua capacidade de reagir ao meio e aos seus stressores. Falo ainda de miúdos que apresentam distúrbios alimentares. Falo de muitos e de outros me esqueço. Crianças que não fazem um teste na escola sem tomar um ansiolítico. Miúdos que vomitam antes da chamada para um exame nacional. Que não conseguem superar a perda e a dor de um divórcio mal-amanhado e desencadeiam processos sérios de inibição alimentar. Crianças pequenas com um enorme descontrolo nas suas interações sociais, que agridem verbal e fisicamente não só os seus pares mas também os pais e adultos com quem interagem. São situações complicadas até porque as que aqui relato se atribuem a crianças com menos de 14 anos. Perder-me-ia na exposição.
Reconheço-me triste, alarmada e preocupada. Explico
por partes.
Fico triste perante esta realidade acima de tudo
pelo sofrimento por que passam não só estas crianças, como também os seus pais
e irmãos. Não é nada fácil encarar as dificuldades que defrontam e quem com
elas convive sabe bem do que falo. Para além do que já referi, convivo com uma
série de patologias neurocomportamentais, como a hiperatividade com défice de
atenção e a síndrome de Asperger e também perturbações da aprendizagem, como a
dislexia, a disgrafia, a discalculia e a disortografia, que vêm complicar ainda
mais o panorama. É fácil constatar que, porta sim, porta não, se encontra um
motivo de preocupação extraordinária para os agentes de educação.
Fico alarmada porque estes são os adultos do futuro
próximo. São estes os miúdos que, com maior ou menor dificuldade, com maior ou
menor capacidade, terão de levar o amanhã adiante. E serão eles capazes de o
fazer? Quero crer que sim e por vezes temo que não. São duas perceções num
mesmo plano, como se fossem cordéis entrelaçados em que um se superioriza ao
outro, alternadamente.
Por fim, fico preocupada tentando quantificar o grau em que nós adultos, enquanto agentes de educação (com os pais em primeiro plano), estamos a contribuir para esta ascensão das perturbações psicológicas e emocionais nos nossos meninos. Contudo, é utópico pensar-se desta maneira. Não há forma de quantificar em que medida determinado fator contribui para determinado fenómeno, pelo menos no que concerne às problemáticas aqui abordadas.
crédito foto: Ler Saúde