segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A psique do dia #57

Anedonia – sentes?

Passava os olhos num fórum online onde um jovem afirmava padecer de anedonia desde os 16 anos (dizendo ter agora 18). Explicava que era muito difícil viver neste vazio e perguntava o que outros faziam para minimizar a problemática.

A anedonia é, de forma concisa, a incapacidade de sentir prazer em atividades que anteriormente eram prazerosas, por um longo período de tempo. Esta incapacidade é posicionada como um espectro: pode manifestar-se de forma leve e centrar-se apenas num tópico da vida, por exemplo, o desejo sexual, assim como ser avassaladora e controlar todas as atividades humanas, como o apetite, o sono, a vida social, entre outros. O sujeito pode experimentar uma total indiferença, quer face a emoções positivas como negativas. A anedonia é, muitas vezes, o epicentro da preocupação em doentes com formas severas de Depressão (não sendo exclusiva desta patologia).

Estive a ler as respostas de outros usuários e o intercalar de informação que passavam entre todos. Muitas coisas me preocuparam: sugestão de consumo de drogas, por exemplo. Obviamente, não me centrarei em todas neste texto. Mas a dado momento, o jovem diz: “Tenho de ver se um dia vou a um médico particular ou algo do género para ver se está mesmo tudo bem (quando tiver dinheiro e quando for independente, senão toda a gente fica a saber que fui ver um médico).”

O estigma continua. Soma e segue. A psiquiatria e a psicologia são severamente atingidas pela mácula do preconceito e ainda existe quem prefira passar pela vida sem a viver, do que procurar ajuda e vivê-la o melhor possível. Mas há que enaltecer uma evolução positiva neste paradigma, pelo menos assim o sinto. Existem cada vez mais pessoas a quebrar este tabu. E quando o quebram, ajudam os seus a quebrá-lo também. Melhores dias virão para todos, certamente.