Anedonia – sentes?
Passava os olhos num fórum online onde um jovem afirmava
padecer de anedonia desde os 16 anos (dizendo ter agora 18). Explicava que era
muito difícil viver neste vazio e perguntava o que outros faziam para minimizar
a problemática.
A anedonia é, de forma concisa, a incapacidade de sentir
prazer em atividades que anteriormente eram prazerosas, por um longo período de
tempo. Esta incapacidade é posicionada como um espectro: pode manifestar-se de
forma leve e centrar-se apenas num tópico da vida, por exemplo, o desejo
sexual, assim como ser avassaladora e controlar todas as atividades humanas,
como o apetite, o sono, a vida social, entre outros. O sujeito pode
experimentar uma total indiferença, quer face a emoções positivas como
negativas. A anedonia é, muitas vezes, o epicentro da preocupação em doentes
com formas severas de Depressão (não sendo exclusiva desta patologia).
Estive a ler as respostas de outros usuários e o intercalar
de informação que passavam entre todos. Muitas coisas me preocuparam: sugestão
de consumo de drogas, por exemplo. Obviamente, não me centrarei em todas neste
texto. Mas a dado momento, o jovem diz: “Tenho de ver se um dia vou a um médico
particular ou algo do género para ver se está mesmo tudo bem (
quando tiver
dinheiro e quando for independente, senão toda a gente fica a saber que fui ver
um médico).”
O estigma continua. Soma e segue. A psiquiatria e a
psicologia são severamente atingidas pela mácula do preconceito e ainda existe
quem prefira passar pela vida sem a viver, do que procurar ajuda e vivê-la o melhor
possível. Mas há que enaltecer uma evolução positiva neste paradigma, pelo
menos assim o sinto. Existem cada vez mais pessoas a quebrar este tabu. E
quando o quebram, ajudam os seus a quebrá-lo também. Melhores dias virão para
todos, certamente.